PEQUENO ESCLARECIMENTO

PEQUENO ESCLARECIMENTO

"Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês."

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

Páginas

terça-feira, 31 de maio de 2011

Perfil

Motivo

"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada"

(Cecília Meireles)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Do livro "2 ESTAÇÕES"

"Enquanto caminhava,
Senti na face, um sopro que pensei ser de Deus,
E no mesmo instante me perdi...
Senhor! Por que não te acho quando quero,
e quando posso, não posso estar?
Por que ao invés se afortuna no peito,
Ao invés de estar em calmaria?
Por que o barco instável,
Pra sentir existente vai a deriva?
Que o caminho buscar, se no peito arde,
Se nos olhos se perdem, se na palma se esquece?
Onde encontrar Senhor, a paz no tempo,
A força no chão, a têmpera do coração?
Me equivoquei, porque jamais me responderás;
não te faças presente... porque mesmo não estás,
Estou eu com todos meus sentidos, 
Entre eles meus ouvidos
Que não vão escutar o que não há,
Entre eles meus pulmões,
Que vão respirar meu próprio destino,
Entre eles minha alma
Suficiente para suportar
No meu coração, os dramas
Que eu mesmo escolhi."


Rildo Marques

domingo, 15 de maio de 2011

Ensaio

Um bom poema é aquele 
que nos dá a impressão
de que está lendo a gente
 ... e não a gente a ele!
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo